Bem-vindos!!!

Sejam bem-vindos a este espaço que eu criei para partilhar um pouco do que que chamo de minhas poesias. Espero que seja um lugar agradável e interessante para todos que o acessam. Boa leitura!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Leitura Clandestina

Leitura Clandestina é uma seleta de textos tão diversificados que se amalgamam entre categorias, sendo difícil definir onde começa uma e termina a outra. Nessa mistura, encontramos  minicontos, contos, crônicas e outros escritos recheados de emoções, podendo ser definida como: sintonia de memórias afetivas e percepções sejam elas suaves ou profundas.  Através dos textos, somos impelidos a criar imagens a partir daquilo que é apresentado: uma cena dissecando o cotidiano, a reflexão sobre o momento observado ou, até mesmo, da sensação externada. Também fica perceptível a poesia alvissareira apontando para um fim cheio daquelas definições, as quais  insistentemente procuramos encontrar na vida. É clandestina porque carrega a palavra mascarando motivos, sentidos, olhares, desejos, medos e uma infinitude de sensações, por não querer/saber/poder dizer onde se encontram todos os sentimentos e suas profundidades, seus reais motivos e suas intenções. Mas estas sempre estão presentes, ainda que pululando nas entrelinhas, capazes de dizer tudo e um pouco mais.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pedido


Meu Deus, eu estou cansado!
Dá-me forças para vencer o dia e não me entregar à destruição e ao caos que, estando à espreita, tentam se apoderar de mim. Dá-me ânimo para manter os olhos abertos e enxergar as limitações que me puxam para o abismo existente do outro lado sala. Concede-me lucidez para compreender meus atos e assumir minhas culpas diante de mim e dos outros. Abre-me caminhos entre pedregais e espinhos, que se lançam alvoroçados por onde passo. Faz-me esquecer a carne, a beleza, o ego, as superfícies da minha própria alma, e mostra, a mim, um oásis onde descansar das angústias, medos, desejos e solidões. Guia-me até os horizontes que contemplo em sonhos e dá-me coragem para vencer os morros e os muros que tentam separar-me dos meus objetivos. Ensina-me como amar o outro e manter os afagos livres de receios. Livra-me deste mundo de preconceitos e faz-me guia da harmoniosa essência que a Natureza projetou em mim. Sobretudo, enche este mundo de chuva e solidariedade para que ao gado não falte pasto, para que na mesa não falte pão, para que nossas palavras sejam de gratidão por aquilo emanado do Céu, que venha se esparramando pelo chão até chegar a todos os necessitados, e que tua Graça baste a todos, tal qual a expressão do teu Amor infinito, diante de tanta incompreensão. Deus, faz o Sol apagar durante a noite e as estrelas brilharem mais, o Oceano soprar seus ventos; faz a brisa abrandar meus ânimos – para que o sono venha leve e o descanso seja o prêmio depois de tantas labutas. Deus – já é dia: expresso minha gratidão.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Marcela


Era Marcela quem me abraçava em sonho e dizia
Tudo está bem”.
Era Marcela quem me sorria com os olhos
e seguia feliz pelos campos
Era Marcela que me contemplava
olhando as fotos na parede
Era ela, era Marcela
Que me acenava – e consolava minhas saudades

Pássaro na gaiola


O canto de um pássaro na gaiola
É sempre um canto de nostalgia
Pelos dias de sua liberdade, ao voar de horizonte a horizonte
Entre campinas e bosques
O canto de um pássaro na gaiola, jamais será um canto de alegria
Será sempre um canto de fuga

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Oração frutífera


Deus, abençoai o cajueiro do meu quintal
que me contempla, de manhã cedo, com um sorriso amarelo e doce
por ser tão doces e amarelos os seus frutos
Deus, abençoai a mangueira da vizinha, cuja sombra refresca minha janela e me alimenta com suculenta carne e alegra o meu paladar com seu sumo
Deus, abençoai a amoreira da minha rua, aquela que me toca com carinho, nos meus caminhos repetidos de todas as manhãs
Abençoai a pitangueira que vermelha, do seu canto, me lança um alerta: “me coma”, e eu, com pressa, sigo deixando lá lindos frutos a secar ao sol e alimentar borboletas passarinhos em seus passeios matinais
Abençoai o jambeiro que, em seus dias alegres, joga um tapete vermelho na entrada do meu trabalho, me fazendo nobre naquela hora
Deus, abençoai a seriguela, a azeitona preta, o araçá, o sapoti, a jabuticaba, a pitomba, a gogoia, a graviola, a romã, o jenipapo e todas as frutas da minha infância que eu já nem vejo mais
Abençoai, também, a melancia que devorada com gula e sem pudor por meu pai no seu lanchinho da tarde
Deus, abençoai a aceroleira do sítio do meu pai, aquela que joga vitamina no meu corpo após o guloso engolir e o saborear de línguas sedentas roçando entre os lábios
Abençoai a banana, o melão, a maçã, a pera, a ameixa, o morango, o mamão e o abacaxi que trago do mercado por não poder trazê-los da plantação para encher minha mesa
Deus, abençoai o pomar de limões, a matinha de açaí, o bosque de goiabeiras e a imensa alameda de coqueiros que vez ou outra acompanha meus passos em finais de semana ou feriados prolongados
Abençoai a laranjeira que vejo brotar viçosa por entre muros do emaranhado de prédios dessa cidade
Deus, abençoai os oitizeiros e os corações de negro que servem de abrigos nos dias quentes e chuvosos
Abençoai todos aqueles frutos que perecem no final da feira e perdem sua existência inutilmente por não haver quem as queiram
Abençoai, Deus, toda a terra de todos os lugares longínquos e próximos, para que prosperem e forneçam de suas entranhas tudo aquilo que necessitamos para nos alimentar, tal qual o Maná que um dia enviaste dos Céus para matar a fome e alegrar o povo teu
Mas, sobretudo, abençoai aquela criança que, em plena manhã, se atira entre cachos de uva em plena manhã – para nos fazer rir e chorar pela graça e as maravilhosas delícias da vida.
Abençoai.
Amém.