Não é difícil compor
Mas uma elegia é feita de sofrimento e dor
Pela partida de um ente querido
Que vai em silêncio nas noites ou manhãs
É difícil compor uma elegia quando a dor se torna tão forte
Que não cabe espaço para dois sentimentos: tristeza e inspiração
É difícil escrever quando os olhos choram e as mãos tremem
Ou quando não sabemos onde esconder o rosto
Uma primeira elegia para Marcela
Que partiu silenciosa na manhã de segunda-feira
Deixando o brilho da pouca idade se esparramando sobre nossos corações
Declamando paz ao mundo, revelando a eterna brevidade da vida
Depois, seu pai, Sebastião (meu segundo pai)
Foi embora desse mundo nesta manhã de sábado sem anunciar partida
Todos morando nos campos Elísios
De onde ninguém mais volta
Uma elegia nunca expressa todos os sentimentos
Nem os significados das palavras nem a vida das pessoas
Que partiram sem dizer nada
E não voltam pra dizer
Uma elegia é muito para mim
Duas elegias desgastam meus sentidos
E a premonição da terceira
Me faz desejar nada saber
Um comentário:
Talvez pela religião, mas concordo com a frase de Guimarães que diz, morrer é só uma curva na estrada, morrer é deixar de ser visto. Sua irmã deixou de ser vista. Dor e saudade? O tempo se encarrega. Enquanto isso, sinta.
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