Um natal sempre antecipado

O Natal começa no final de outubro. As ruas, lojas e shopping centers anunciam um final de ano aquecedor, economicamente, claro. O fetichismo da mercadoria se utilizando das luzes coloridas e atraentes, chama gente de todos os lugares para comprar os presentes de fim de ano sem qualquer emoção.  O colorido das luzes, a imponência das grandes árvores de natal, os enfeites e canções melodiosas (pra não dizer melosas), se encarregam da função de encantar e amaciar os duros corações daqueles que não acham graça no Natal. Natal é comércio. É tempo de comprar, gastar, comer muito. É tempo de presentear desconhecidos; colaborar com as caixinhas solícitas de moedas; vestir roupas novas; enviar comida, roupas e presentes para as pessoas pobres; fazer campanhas de arrecadação; se emocionar. Não. Natal é tempo de paz; de pensar em coisas boas; de reinventar a alma; de fazer caridades; de perdoar. Finalmente, o que é o Natal? Confesso que fico muito confuso com a própria confusão que essa época traz. Lojas entupidas, falsa amizade, ruas cheias, decorações que vêm de um mundo que não tem relação como o nosso. É neve nos trópicos, pinheiros em plena caatinga, um animal sem asas voando de um a outro polo, um velho gordo e barbudo com sacos cheios de souvenires. Acho que as coisas perderam o verdadeiro sentido.  Creio que a verdadeira beleza do Natal está em nós, no comportamento que expressamos diariamente e nos sentimentos que nutrimos em nossa vida toda.  Natal tem que ser mais que roupas novas e presentes; uma mesa enfeitada de guloseimas; músicas melosas – que não provocam nenhuma mudança verdadeira na alma. O Natal só foi realmente uma ocasião de amor e paz no momento inicial de sua invenção.