Sinto tanta vontade de olhar para trás, mas meu estado de espírito me impede. Gostaria de olhar e dizer: - boa noite, como vai- e sorrir silenciosamente, expondo um rosto satisfeito e alegre. Me impeço, entretanto, de fazer tal coisa. Minha sinceridade me proíbe esse comportamento. Então, permaneço sentado e não olho para trás.
Insisto em querer olhar: há uma força de atração que tenta me mover. Recuso e ignoro a força. Ela é forte e tenta se reunir ao meu verdadeiro instinto, ao meu hábito cotidiano. Não é apenas mecânico, apesar de habitual. É, além de sincero, natural.
O estado de alma em que me encontro, nega o prazer de ser. Choro, sorrio? Não! Quero compartilhar um olhar e um sorriso sinceros, mas continuo sendo a negação.
Há motivos? Não, não há. O que há então? Não sei. Sempre sobra melancolia nos dias quem me desconheço e nos dias que não me reconheço.
- Desconhecer, reconhecer? De que forma?
- Pergunta difícil.
- Há sempre dois desejos.
- Quais?
- Um querer e um não querer.
- Puxa! Esfinge. Isto tu és. Engraçado.
- Uma esfinge? Boa. Excelente definição!
Nada disso serve. Palavras somente e nenhuma solução. Sorri... Cadê o riso? Nada serve, inutilidades, apenas...
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