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terça-feira, 22 de maio de 2012

A desiludida


De manhã cedo, parou à porta. Esperava que se abrisse a fim de realizar a entrega do pacote. Estava ali, quieta e muda sob o frio congelante e desolador. Esperava, pacientemente, que alguém abrisse, por dentro ou por fora, a porta que era o seu teste, a sua provação. Aos poucos desanimava, vez ou outra, sorria – para aliviar a tensão da espera. O pacote pesava-lhe nas mãos e o tempo passava sem que qualquer sinal da presença de alguém surgisse. O vento frio batia em suas faces como bofetadas. E a espera continuava dolorosa. De pé, segurando o pacote, via o tempo passar indiferente aos seus sentidos já tão massacrados pelo frio e pela angústia da espera. Ela sempre achara que as expectativas, seja de quem fosse, deveriam ser atendidas. Agora, sentia que as suas passavam despercebidas, uma vez que a porta não se abria. Sentia o cansaço invadir-lhe devagar, alojando-se nos braços, pernas, cabeça – até tomar-lhe por completo. Aos poucos ia desiludindo-se de si mesma enquanto dores seguiam dominando seu corpo. De cabeça erguida, tentava vencer a dor e aquecer-se com o pacote que, lentamente, ia encostando-se ao seu corpo e deslizando. Nada acontecia em derredor, exceto o soprar sempre mais insistente do vento frio. Aos poucos ia pulsando o coração na tentativa de resistir, mas percebia-se entregando-se, morrendo, suplicando mentalmente um socorro. Nada acontecia. As forças fugiam-lhe dos braços, as pernas se cansando – a entrega completa. Era a morte se anunciando naquela manhã. A espera terminava ali, com seu rosto frio e macilento colado na porta fechada. Era a face da desilusão mostrando-se ao dia que terminava ainda mais frio, com o vento uivando um sonido triste, pela espera incompleta daquela que morrera ali, assassinada pela desilusão. É. Um dia haverá apenas o brilho de estrelas novas a iluminar os céus.

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