Quem pode compreender a beleza da árvore que ao se desprender de sua energia vital perde também suas folhas e, solitária, seca sem maior explicação? Quem pode deixar de ver sua singeleza estonteante ao contemplar a avenida fria e calma, num final de tarde de verão? Quem pode negar a existência de um poder supremo que manteve viva, leve e frutífera a árvore que agradou ao paladar dos seus conterrâneos? Quem pode deixar de notar sua solidão ali, distante do verde comum às outras companheiras? Quem pode negar os dias áureos de tão majestosa liberdade, a qual se mantinha solta e suave ao balançar suas folhas ao movimento da brisa vespertina? Quem nãom reconhece a beleza da árvore que, sozinha, morre sem pedir ajuda e sem amaldiçoar o Deus pela sequidão do verão? Quantas tantas vezes árvores foram, fruindo, frutificando, se expandindo nas alamedas infinitas das outras tantas existências perenizadas pela continuação da matéria nas outras tantas mil árvores que surgem verdes e belas para depois se tornarem árvores lindas e mortas, ao acompanhar o vasto campo de alamedas e alamedas, charnecas e bosques... até encontrar o reduto tranqüilo onde descansarão felizes das quatro estações vividas e repetidas até chegar a hora final? Ah! Árvore bela e morta que se fixa no caminho do meu lar e sinaliza a existência de dias magníficos e tristes proporcionados pela sinergia melancólica e altruísta da vida – que guarda na eternidade o maior galardão!
Um comentário:
SE DESPEM PARA RECEBER O FRIO OUTONO NORDESTINO.
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