Num sábado qualquer é difícil tecer um texto, esperar a inspiração – dar asas à imaginação. É difícil existir, até mesmo contemplar os mais belos horizontes quando há uma perturbação que afeta os sentidos. É uma tentativa de escapar dos pormenores pessoais e seguir sem olhar para trás, se isso fosse extinguir as incompreensões. Terrível é carregar mágoa, angústia – qualquer outro sentimento desesperador em si, sem saber quando ele vai desejar partir. Igualmente difícil é sentir o amor do mundo – e também o que está nos outros quando uma parte nossa está ferida, arranhada ou mesmo fisgada por outra emoção. É um dia daqueles em que a gente se percebe menor do que é, ou mesmo encontra as incongruências, as quais por muito tempo foram ignoradas – por terem sido controladas até àquele instante. É difícil poetar sem revelar um quê pessoal, sem lançar em rosto as tristezas que estão em outro município, por ser incapaz de agir em seu favor. Duro é notar a impotência em si e não conseguir reagir perante a desfiguração – em frente da mesquinhez egoísta do tempo e do dinheiro. É olhar em si e perguntar: o que fazer agora? Aonde ir a fim de solucionar os fatos e alegrar a multidão? E se sentir infantil e fraco – fraqueza que se repete pela falta de algo maior, pelo controle dos algozes hostis que chibateiam, chantageiam e lhe dão um inferno por um pão. Ausência total de sincero afeto. Aquele que pisa, massacra, fere e zomba – por conhecer demasiadamente suas fraquezas. É difícil rir nas festas do sábado, cantarolar – mesmo que a felicidade esteja dentro. Não dá para ser feliz sem compartilhar uma alegria comum, estando sozinho mirando uma constelação. Quero um dia novo – ele trará uma liberdade ímpar, tranqüilidade, paz e a satisfação para o sangue – que se derrama na cama pela ausência dos seus.
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