É uma manhã de carnaval e, para esquentar as emoções: verão! Um calor insuportável que desafia qualquer sensação! Em todo lado encontro heróis, diabos, pierrôs, columbinas, piratas, feiticeiras, anjos, ciganas e uma infinidade de fantasias! É nesse momento que paro e pergunto: quem sou eu? Faz tempo que não me olho no espelho, mas a consciência do ser é muito presente, pois os sentidos que carrego em mim desperta para as questões que vêm do ser: sinto! Pergunto a mim: quem sou eu no meio de tanta imaginação? Vejo que não sou diabo nem pirata... também não sou mais aquele pierrô desconsolado que anda pelos cantos das ruas escuras – sozinho. Não sou o herói que a humanidade espera para salvar o planeta. Não sou anjo nem um dos diabinhos que desencaminha a sociedade para os caminhos do Dionísio. Sou, como nos outros dias, um simples mortal! Isso até provoca uma inquietação em mim – mas é assim que sou! Felizmente ou infelizmente, não consigo viver quatro dias como se fosse outra criatura. O que sou está tão intrinsecamente entranhado em mim que a fantasia dos tempos do Momo, não faz sentido. Visto sempre meu tênis bicolor, um jeans e uma camiseta – vermelha. É nisso que consiste a atitude básica da minha personalidade. A alegria do carnaval não desperta em mim emoções desconhecidas, mas isso não significa que sou previsível nem que não sinta prazer na vida: sou, sobretudo, eu – em cada pedaço. Talvez eu devesse vestir uma roupa colorida e desenhar um passo, uma dança, cair no frevo, no samba... e passear por aí! Mas tenho uma alma sóbria demais e, apesar de ter uma imaginação fecunda, deixo de lado as fantasias desse carnaval. Talvez no próximo ano eu desperte alguma ilusão para fazer com que esses dias passem mais rápidos e os sentidos voltem ao normal. Quem sabe eu use aquele figurino escondido no final do guarda-roupa e transforme meu traje comum em excêntrica indumentária, composta por uma peruca Black Power, um sapato a Luis XV, calça de couro vermelha, camisa preta apertada e uma jaquetinha charmosa, acompanhada com os óculos de sol da última moda... e saia por aí, desfilando alegremente como um astro negro nos dias de sol... e me transforme no mais exótico protagonista dos dias em que tudo é permitido.
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