No dia em que acordei feliz, amanheceu chovendo em mim... Mas depois veio uma alegria, trazida pelos sutis olhares das pessoas que guardam no rosto um riso e encaram a dolorosa rotina com a poética musicalidade da vida. Ainda assim, naquele momento, percebi que em mim nenhuma batida é compassada, porque meus passos não seguem o ritmo da música que agrada os ouvidos da maioria. Minha música é antiquada e o som que produzo com ela é um tanto desafinado, constituindo o meu desatino e o desassossego que fica em mim. A musicalidade do meu som guia apenas meus passos e alegra os ouvidos que eu mesmo instruí. A minha música só faz sentido para mim – e a descoberta que faço do mundo se transforma na minha alegria, pois minha essência é muito mais íntima. Os acontecimentos do meu tempo significam pouca coisa – às vezes nada me acrescentam. Percebo que em muitos caminhos conheço bem o que busco – só desisto daquilo que não tem importância ou, em algum momento, se despiram de seus significados. Nessa descoberta do mundo – só permanecem os sentidos que eu desejo cultivar. Os outros se evaporam – e, ainda que voltem a importunar, já deixaram de existir em mim.
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