Exprimo meu silêncio por não ter o que dizer e faço isso de olhos fechados. Só o meu cansaço fala por mim, mas fala pouco, pois não permito muitas considerações. Ando em silêncio, não por ausência de fatos, mas de necessidades. Há tanta mudez em mim que meus atos são apenas passos, nunca repetidos, pelos caminhos da rotina na qual me envolvo. Me calo para não precisar ouvir, para sair sem obrigações, sem exigências, sem sentidos. Fico calado por pura rebeldia contra o som – seja qual for nesse momento. Ficarei calado até que algo seja realmente notório e faça minhas cordas vocais expelirem átonos, agudos, tônicos, hiatos, ditongos – qualquer fonema que seja. Talvez até uma palavra, ainda que monossílaba. Vou me manter calado até que o vento chame meu nome e a lua grite por mim dizendo: - vem tomar um chocolate comigo! Para ela, esboçarei um sorriso e cantarei aquela melodia que guardo em mim! Depois, dormiremos e mais uma vez, amanhecerei mudo, pois meu silêncio é minha maneira mais sóbria e eficaz de me comunicar.
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