É minha a responsabilidade por mim. Tenho que comer, dormir, beber, estudar, trabalhar, andar, sorrir... sou responsável por minha vida, pois minha própria vida depende de mim. Quando eu quiser me fazer morrer, quem vai impedir? Quem será responsável quando eu não quiser comer, beber, andar, estudar, trabalhar, sorrir? Quem assumirá a culpa por qualquer descompasso meu? Quem será capaz de me levantar quando eu cair e me estender no chão e não quiser levantar? Quem será responsável quando minha força produtiva desaparecer e meu ânimo forem embora? O que será de mim quando a poesia se desviar da morada e abandonar completamente o lugarzinho que tem em mim? A quem culparei quando o amor deixar de existir e o mundo não tiver mais graça? Em quem jogarei a culpa pelo dia chuvoso ou pelo sol escaldante dos dias quaisquer? A quem punirei pela extinção do meu sorriso – ou quando eu não quiser sair da cama e enfrentar a vida? Quem vai impedir meu desaparecimento do circuito cultural ou das rodas de amigos? Quem abrirá meus olhos para que eu veja a luz na imensa escuridão do tempo e me fará crer que o mundo tem jeito e que tudo vale a pena? Quem será capaz de assumir a responsabilidade por todos os atos de um único dia da minha existência? Serei eu eterno responsável por mim? Vou cultivar toda (in) sanidade para me manter vivo – visto que a culpa de viver é toda minha.
Um comentário:
Verdades ditas de forma muito bonita.
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