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Sejam bem-vindos a este espaço que eu criei para partilhar um pouco do que que chamo de minhas poesias. Espero que seja um lugar agradável e interessante para todos que o acessam. Boa leitura!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Jeito gerânio de ser

Ontem decidi fazer algo diferente. Saí andando pelo centro da cidade em busca de uma nova emoção e, surpreendentemente fui tocado pela singeleza de um dia de sol. Há tempos não sentia a sinergia que brota da cidade, naquele movimentar de carros, pessoas, coisas... As lojas abertas, microfones ligados, semáforos acesos, buzinas tocando, sons ligados, conversas vindo de todos os lados. De repente me vi ali, vivo no meio de tudo, como uma pequena parte do todo a participar do movimento. Me senti vivo por sentir o sol, por encontrar uma identificação com aquilo que estava tão próximo e ao mesmo tempo tão distante – separado pela rotina e indisposição de sair do lugar comum. Estava ali vivo – e maravilhado – por perceber em mim tamanha capacidade que há em mim de sentir. Eu estava ali. Eu existia. Eu era parte da cidade – daquele mundo em movimento. Decidi me apaixonar novamente. Foi quando dei de cara com um texto de Caio Fernando Abreu. Ele me mostrava um gerânio alegre e orgulhoso por saber que era um gerânio, por SER um gerânio. Confesso que senti um pouco de inveja do gerânio que encontrando alegria em ser, ERA em plenitude. Caio me apunhalou, reconheço, mas despertou em mim tanta inspiração e paixão... Ali eu estava me apaixonando – era um apaixonado em crescimento e logo eu seria um – apaixonado por completo. De noite, Caio Fernando Abreu me fez viajar. Isso mesmo. Nunca carta que ele escrevera a Lygia Fagundes Telles, ele expressava uma emoção sem fim por SER ele mesmo. Ele dizia na carta: ”Os crepúsculos têm sido lindos. Passei o melhor verão da minha vida... Tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo que vivi e ser exatamente como sou”. Caio sabia quem era, o que era e se sentia grato por isso. Demonstrava alegria por viver. Era o próprio gerânio sobre o qual escrevera – sentia orgulho disso. E eu, sentindo que ainda não me adaptei ao mundo – sinto uma inveja boa, de Caio e do seu gerânio alegre. Sabe, ter inveja não é algo costumeiro em mim, mas confesso – fui invadido por ela – e creio que, aos poucos, essa inveja que sinto agora se dissipará e se transformará nas mais suaves certezas: também sentirei a orgulhosa consciência de ser EU. Parece loucura esta minha constatação de ontem – mas realmente me descobri um apaixonado pela vida, grato pelo sol e pelos caminhos que andei e que tenho planejado andar. Só espero viver suficiente para ser eu em extensão.

Um comentário:

Ecilda disse...

Caio, tão simples, tão forte, tão Clarice, tão Hilda, tão ele. Amo