Impotência

Depois de passar mais de um mês sem escrever uma linha nova de um texto, de um poema, de um conto ou de um rabisco qualquer, me vejo completamente solitário e vazio. É como se a falta de letras a preencher páginas e páginas, expusessem minha incompetência para lidar com a falta de vontade e dissecassem, diante de mim, minhas próprias fragilidades. É nesse momento que vou, aos poucos me desiludindo de mim mesmo até encontrar uma nova energia que sublime meu estado de negação literária. Diante dos melhores textos que leio, explodem epifanias tantas... No entanto, na hora de rasgar o verbo, as palavras se intimidam e – fogem sem explicações. Ah! Que fase tão medonha! Que desespero! Que vontade de lançar chamas, de fugir, voar, sumir... Que desejo absurdo de pular do precipício e enlouquecer com caneta e papel (ou teclado e tela) e escrever, escrever, escrever – indiscriminadamente, sem receio algum – até compor um texto qualquer com a complexidade de um romance que se expande a ponto de explodir-se em concretizações. Ah, são tantas vontades pulsando de um peito só...