Sou um pouco da Clarice que anda sozinha nas noites
E toma chá
Sozinha, no sofá da espaçosa sala
Sou um Kafka que nunca escreveu carta ao pai
Um Rimbaud que em algum momento da vida
Viveu uma temporada num inferno indesejado
Talvez seja um Pessoa sem amor e sem talento
Um Meireles
Construindo um navio para afundá-lo
Sem remorsos
Um pouco de Espanca
- Que não sabe fazer versos
Sou tantos...
Sou um pedaço do ontem
A metade do hoje
Sou meio Abreu
Meio Martins
Meio Bandeira
Uma parte daquilo que falta e sobra
Uma confissão iminente dos tempos sóbrios
A febre que queima e passa
Sou as letras do poema que ainda não foi composto
Sou também a letras das canções de Chico e Caetano
Sou a leitura
O palco
Sou o personagem de todos os dias
Dessa infinita construção
Que sou
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