Indiferente

Qual é o galho fraco que sustenta minha estrutura e me mantém seguro para as próximas emoções? Por vezes pensei que estaria seguro, vivendo a vida sem compartilhar sentidos que eu deixava passar despercebido, mas a compreensão desse fato veio á tona e a realidade confirma que eu estava certo. Pensei em guardar segredos, manter a calma e caminhar sem direção. Eu estava certo. Observei o mundo e percebi que a vida é um emaranhado de ações insignificantes ou dotadas de significados adquiridos por alguma experiência – que nem sempre satisfaz, nem dura... mas deixa algumas marcas ora imperceptíveis ora calosas em sua definição. A existência é complicada e ”viver é muito perigoso”. Feliz, alegre ou triste é como me encontro diante da tela que pinto, tecendo em linhas as emoções que nem sempre consigo descrever. É como se escrevesse criptografado para um leitor curioso e hostil, escondendo sempre as nuances do meu ser. É como se o colorido que permeia meus passos debandassem rio afora e punissem meus desejos tortos ou justificassem os desvarios pela inocência carregada e apenas depois exigissem o cumprimento de uma pena. Talvez o rio queira somente desbotar a tinta do meu quadro, aquele que pintei com os vários pincéis arranjados nas casas repetidas do caminho.  As marcas que contém meu corpo são a prova da existência concretizada, vivida, sentida, chorada, esparramada... ou sejam marcas da inconstância, da falta, do excesso, do anseio de viver depressa demais. Quem sabe nem dure. Talvez mereça o perdão. Talvez seja para sempre.