Nunca fui ufanista ou provinciano, nem me envolvi demais com questões de "comunidade", pois sempre me entendi como um ser cosmopolita em essência, ainda que não pudesse contemplar a grandeza com a qual gostaria de me envolver. Mas, confesso, já passei por muitos lugares e conheci paisagens inúmeras. No entanto, nenhuma me permitiu ter o sentimento de pertencimento, de me sentir parte de um ou outro espaço. É claro que viajar é um evento encantador, provoca algum enlevo, admiração. Morar numa cidade diferente, no centro, onde tudo acontece, é ótimo. Porém, se torna indiferente se não sentir em mim a alegre identificação pela parte ou todo. Diferente de tudo isto, tenho sentido sensações diferentes quando retorno ao bairro onde vivi. Vejo os rostos conhecidos; os caminhos por onde andei; as ruas por quais passei tantas vezes; o cheiro das árvores, da terra e do mato; a brisa que vem do mar; da voz de meu pai no portão, com seu olhar amigável e confortador, e a energia que vem do amor que dele e se estende até mim; dos amigos e parentes que estão na vizinhança e me fazem reconhecer uma alegria alimenta meu coração e me faz distinguir com certo fulgor que aquilo faz parte de mim. Pela primeira vez, começo a me sentir parte de algo, a nutrir o sentimento de ser também um pedaço daquilo que está estampado na minha história de vida.
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