Bem-vindos!!!

Sejam bem-vindos a este espaço que eu criei para partilhar um pouco do que que chamo de minhas poesias. Espero que seja um lugar agradável e interessante para todos que o acessam. Boa leitura!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Opinião sobre futebol

Num país de alucinados pelo futebol, é muito difícil ser diferente. Sobretudo, pela cultura machista que foi instaurada há muito e é ensinada desde cedo aos pequenos. Não gostar de futebol significa ausência de virilidade e isso põe a masculinidade de qualquer um em dúvida, principalmente, numa região como a minha, onde ainda sobrevive o mito do “cabra-da-peste”. Se ser macho é difícil, no Nordeste pode ser ainda mais, uma vez que nutrem-se os ideais provincianos onde macho é macho e fêmea é fêmea – não se admitem variações. Negar o futebol é excluir-se de um grupo, grande grupo. É um ato de coragem. Confesso que quando pequeno até expressei alguma simpatia por tal esporte, afinal, qual criança ou jovem não deseja ser aceito numa fase tão crucial de descobertas e identificações? Pois bem, eu jogava futebol com os outros moleques da minha idade – mas sempre soube que não me dava bem com a coisa. Mas tudo era diversão e eu me alegrava com aquilo, quando a bola entrava na trave e a galera gritava “gol”. Quando a gente vai crescendo, cresce também a maturidade e a gente torna-se capaz de assumir as preferências, a tolerar manias ou abandonar comportamentos. Foi o que aconteceu: o tempo me fez ver que futebol para mim não tem importância alguma. E se não gostar de futebol for ausência real de masculinidade, eu não sou homem; meus irmãos, pai, sobrinhos e cunhados também não. Assumir que não gosta de futebol é um ato de coragem. Lembro bem que um dia estava voltando para casa de ônibus, e para minha sorte ou azar, era um coletivo cheio de torcedores que estavam voltando de um jogo que havia terminado há pouco. No momento em que entrei, um cara olha para minha roupa e nota as semelhanças das cores que eu usava com a bandeira do seu time e me pergunta: “Você torce pelo Sport?”. Eu, corajosamente, respondi que não e que não gostava de futebol. Naquele momento esperei as vaias e os comentários que minha resposta pudesse suscitar. Mas, ele apenas calou – ainda que com ar de reprovação. Não sou contra quem joga ou quem gosta de futebol. Na verdade, reconheço que praticar esportes produz bem-estar e ajuda a desenvolver o senso de disputa, a garra, determinação, e uma série de características boas que ajudam o esportista a enfrentar a vida. O que recrimino no esporte, principalmente no futebol, é a ação meliante de indivíduos que é incentivada pelas torcidas des(organizadas), propagando imbecilidades e fanatismos que não admitem derrotas – e que se manifesta em atos de violência e barbárie no asfalto. Aos poucos, o que há de bom nesse esporte, vai se amalgamando com os atos da torcida despreparada – transformando valores em medos que sufocam a sociedade nos dias de jogo. Não tenho vergonha de, como homem, admitir que não gosto de futebol. Digo mais: cada vez que noto a barbárie se instalando no estádio ou nas ruas, lanço sempre mais, meu olhar de indignação e repúdio por tudo isso.

Nenhum comentário: