Nem
sei mais quantas almas tenho. Ando me perdendo de mim tão facilmente
e tantas vezes que nem sei o que resta. Quanto de mim sobra para
construir o futuro, não sei. Não sei se sigo, durmo ou canto. Ando
me perdendo, me dando de graça aos olhares desencontrados, nos
desejos implícitos, naquilo que vejo, toco e sinto. Ando me perdendo
de muitos aos pouco. Não sei quantas almas ainda tenho. Num dia sou
poeta, no outro estrangeiro em minha própria essência. Hoje me vejo
no espelho e encaro, também, as minhas perdas: umas falam muito,
outras calam por completo – mas acabam exercendo algum poder sobre
mim. Ando me perdendo tão rapidamente que nem meus olhos –
reconheço. Nem sei quantas almas tenho: às vezes passo horas
observando o horizonte sem dele nada esperar: me vejo naquele pássaro
fugidio em busca de novas paragens. O tempo tem sido propício, mas
as energias continuam se dissipando: e eu, aqui, me perdendo de mim.
Não sei quantas almas tenho: hoje sou um humano em busca do encontro
comigo e de alguma purificação.
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