Indiferentemente, um olhar contempla meu riso e meu passo – trazendo um ânimo ao ego que anda desapercebidamente pelas ruas lotadas num final de tarde. De longe, uma leve admiração para a beleza, já um pouco surrada pela dureza da juventude e a imposição gritante da maioridade. Um passo incerto, um riso largo e a simpatia se manifestam nos calçadões da metrópole. Do lado de dentro do ônibus percebo que os suburbanos são mais felizes, pois riem indiscriminadamente das mazelas da vida – e acham gozo nisso. Vivem sem as muitas preocupações e os medos contemporâneos, mas anseiam o olhar caridoso e humano dos novos tempos. Do outro lado uma mulher me lança o riso e seu olhar é de aprovação – ou de ciúme – pelo bem-estar que levo ao meu lado, pois nem todos podem desfrutar da intensa liberdade do amor que vem – e fica. É do amor que emanam as mais intensas nuances de vida. É do olhar suburbano em meio ao estado cosmopolita dos sentidos que encontro a garantia da satisfação de andar à toa pelas ruas perfumadas de flores que a vida deixa à frente do meu tempo, pois no caos há paz em mim.
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