Bem-vindos!!!

Sejam bem-vindos a este espaço que eu criei para partilhar um pouco do que que chamo de minhas poesias. Espero que seja um lugar agradável e interessante para todos que o acessam. Boa leitura!

sábado, 19 de maio de 2012

Cenário


A cada dia tenho mais certeza de que não sou deste mundo. Na festa, enquanto todo mundo ria, conversa e ri, eu imagino cenários para as personagens que surgem em minha mente, no momento em que deitado, observo a alegria dos outros ao redor de mim. Sempre admirei aqueles que sabem dançar e que, naturalmente, seguem os compassos sem dificuldades. Eu, não. Minha dança não passa de uma tentativa de movimento desconcertado. Do sofá, ouço a música que os festejadores dançam. Uns cumprem a coreografia do “vestidinho preto indefectível”; outros apenas fazem os passinhos que sabem, sem qualquer pretensão. Eu sou realmente estranho. Todos bebem vinho, eu tomo suco. Eles dançam, eu deito no sofá e leio poesia. Os outros falam coisas do cotidiano, de paixões, de política; eu, quieto e calado, imagino poemas, crônicas, contos, crio cenários e personagens enquanto a energia do momento vai brotando entre nós. Nesses momentos, lembro muito da pergunta feita por Clarice de que “gastar a vida é usá-la ou não usá-la”. Aí, questiono se o fato de eu estar deitado pensando e lendo poesia quando todos os presentes bebem e dançam, é gastar ou não minha vida. Estou usando-a ou não? Sinceramente, não sei. Só “sinto que não tenho parte nisso tudo”, e que geralmente “sou feliz na hora errada”. Será que meu modo tácito de ser também é felicidade? Eu acho que sim. Sou estranho, diferente talvez. Mas este fato não me torna superior nem inferior os outros. Sou apenas aquela criatura que não segue o ritmo, mas que tem um modo peculiar de “gastar a vida”. 

Nenhum comentário: