Sempre
soube que não era uma pessoa comum, apesar de ter desejado ser como
as outras – assim capaz de rir de um humor qualquer, me alegrar
facilmente, me sentir satisfeito com alguma realização e acomodado
no conforto simples do meu lar. Não. Nunca fui assim. É claro que
sempre agradeci por tudo que eu recebia como presente ou dádivas.
Mas, jamais o comodismo e a letargia me atacou fortemente. Não. Isso
não é para mim. Sou uma pessoa inquieta em essência. Preciso do
movimento. Da novidade. Preciso estar aqui e ali a fim de manter a
alegria e o bem-estar necessários que produz alegria e felicidade em
mim. Não sou uma pessoa comum porque não gosto do que os outros
gostam – não gosto de futebol, não fumo, não bebo, não uso
drogas, não vou a shows, não ouço qualquer estilo de música.
Gosto dos bregas antigos, do tempo da minha avó e da minha mãe.
Adoro cuscuz, feijoada, lasanha, galinha quisada, manga, graviola, ameixa,
comida mineira, yakissoba, bife de qualquer espécie e sucos. Adoro
os meus amigos. Adoro gente comum, sem frescuras, sem limitações.
Gosto de dormir tarde e conversar com a criatura que estiver perto de
mim. Acho magnífico deitar em camas grandes e lençóis fofos.
Banheiros grandes são, para mim, símbolos de bem-estar. Gosto de reciprocidade. Ainda não
consegui descobrir se sou uma pessoa muito seletiva. As
coisas/pessoas me atraem naturalmente, despretensiosamente. Gosto de
livros, mas não leio qualquer um. Ele tem que me escolher no momento
em que direciono o olhar para a estante. Gosto de coisas que vão
além da superfície. Me sinto alimentado por filosofia e psicologia.
Meu pensamento é mais rápido que o meu desejo e vivo no “Mundo da
Lua”, fazendo diariamente viagens mil à “Maionese”. Sou do
tipo que tolera coisas que a maioria nem olharia. Aceito as
diferenças. A pessoa que mais amo é minha mãe. Mas sou capaz de fazer tudo que estiver ao meu alcance para ajudar qualquer pessoa. Admiro pessoas excêntricas, extravagantes, que riem
alegremente sem qualquer pudor. Gosto de cores fortes: preto,
vermelho, verde-escuro. Acho maravilhoso ver matas, rios, paisagens,
relevos, prédios gigantescos nas grandes cidades. Me provoca uma
grande sensação de prazer andar solitário nas noites, pelo fato de
contemplar o negror e o frescor das horas tardias. Sou eternamente
apaixonado pela lua e gosto de sentir a areia da praia acariciar meus
pés em caminhadas sem rumo. Acho extremamente delicado o toque do
vento, o cair das folhas, o cheiro de frutas maduras, casas com
jardim, pássaros voando e borboletas coloridas. Sou colecionador de
selos, chaveiros, cartões postais, camisetas. Sou aquele que ama e é
amado, mas prefiro a solidão, pois isto também me nutre. Só sei
dormir/estudar ouvindo música tocando baixo. Não choro facilmente.
Não tenho medo da morte. Busco sempre o que quero/preciso. Não
tenho segredos, mesmo querendo exalar mistério. Sou transparente. Se
você não enxerga, é porque não quer ver. Não gosto de fazer
perguntas, mas responderei tudo se me alguém me perguntar. Detesto quem diz que me conhece. Já vivi
situações das quais me arrependo e me envergonho, mas que foram
importante para meu crescimento. Amo incondicionalmente. Me apaixono
facilmente por olhares, sorrisos, barrigas, pernas e bocas – mas
elas são sempre brisas leves, nunca tempestades. Gosto de músicas,
filmes, peças de teatro e leituras melancólicas. De vez em quando
me pego rindo sozinho de nada, no meio da rua. Admiro as pessoas que
falam a verdade, que falam o que pensam e o que sentem, e que falam comigo com sinceridade. Gosto de olhar nos olhos. Respeito a todos. Meu herói é
Hulk, o homem verde. Gosto que me chamem de louco – que riam
comigo. Gosto de desenho animado, filmes infantis, gibis, cantigas de
ninar, de contar histórias/estórias para crianças. Queria ter um
porco como animal de estimação. Acho ótimo andar descalço. Sou
defensor da liberdade, do ser, do estar. Gosto de altura e sempre
desejei ser pássaro. Em vários sonhos contemplei inúmeras
paisagens ao voar por aí indiferente – como se fosse uma
descoberta há muito desejada. Sou uma espécie que ainda não
conseguiu se definir em palavras, mas vou vivendo e com o passar do
tempo, reconheço minhas manias, meus defeitos, meus sonhos. Sou, no fundo uma pessoa feliz e triste. Sou essencialmente simples. Percebo
que vou me tornando cada vez mais humano – e ainda que me atormente
um pouco a realidade, sei exatamente quem e o que sou.
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